Individualidade e ego
O ego, eu individual é necessário para manter a integridade do ser. É uma referência para a identificação consigo mesmo, com a própria singularidade, originalidade, com seu próprio centro de equilíbrio e diferença em relação ao outro. No livro de Iyengar ele explica que na Índia, Asmita significa 'identidade', ou seja quando me identifico com minha identidade, isso é asmita. É o que expressa o dom da singularidade e da originalidade de cada ser. Se assemelha com ahamkara. A diferença é que ahamkara é esta mesma identificação com a identidade (asmita), porém agregada a apegos, realizações, êxitos, conquistas, lembranças, posses, desejos, experiências, opiniões e preconceitos.
É dito que o “eu” pode adoecer assim como o corpo e mente. Iyengar diz que a identidade pura (asmita) sucumbe à doença da elefantíase, e o “eu” se torna excessivamente inchado, grosseiro e doente. O que faz com que o ego “inche” é a própria mente em contato com o mundo externo. Uma boa prática para desinchar o ego, é estar mais voltado para si, não que devamos nos isolar do mundo e da vida cotidiana, mas sim peneirar o que ouvimos, falamos e nos comprometemos, sentimos e acumulamos na memória. A comunicação e a memória, devido ao contato com o mundo externo são as capacidades da mente que permitem ao ego acumular tantas experiências.
Categorias de pensamentos
Quando se classificam os pensamentos em categorias, fica mais fácil observar o fluxo da mente e identificar que tipos de pensamentos estão mais presentes em cada um de nós. Pensamentos que circundam o passado ou desejos para o futuro? Pensamentos controversos ou pensamentos que trazem uma resposta às perguntas pessoais? Com quais pensamentos devo me identificar? Em qual pensamento devo permanecer? Primeiramente é importante estar atento a como nossos pensamentos reagem ao mundo externo, e cuidar para que pensamentos confusos ou negativos não formem padrões arraigados que nos condenam a revivê-los em um ciclo vicioso.
Em momentos de silêncio, em práticas respiratórias (paranayamas) ou meditação, é fácil notar como os pensamentos vem e vão num fluxo as vezes bem rápido. Uma prática boa é sentar-se adequadamente num local tranquilo, manter o seu fluxo natural de respiração e assim observar os pensamentos, identificar sua natureza, se desapegar destes, simplesmente deixando-os ir , como se fizesse uma faxina em sua mente. Se sua mente estiver agitada, através desta prática, ela tende a acalmar, pois a medida que conhecemos a natureza dos pensamentos, é possível ver que alguns não merecem atenção e muito menos merecem que nos identifiquemos com eles, criando padrões. Nessa prática, acontece uma triagem natural e o que resta desta limpeza é o discernimento mais fortalecido.
Portanto posso dizer que meu objetivo não é aniquilar o ego em si, e simplesmente não me identificar exclusivamente com este tipo de pensamento. Acredito que um yogi deve primeiramente estudar e compreender o ego e os outros tipos de pensamentos. Com atenção, descobrir que não somos exclusivamente a falsa realidade absoluta do ego. Assim, fortalecendo o discernimento e a compreensão, enfraquecemos o ego. Na teoria é fácil de descrever, mas o que vale é na prática do dia a dia. Procuremos realizar a observação de cada um de nós sobre nossa própria complexidade, fazer um auto exame sobre nossas ações que são as extensões dos nossos pensamentos. Por enquanto estou nesse nível de existência, buscando aproveitar as oportunidades da vida e desatar os emaranhados que meu ego trama contra mim. Tudo é um ensinamento, e se temos o ego, que este nos ensine e não nos aprisione.
Bilbiografia
Iyengar, B. K. S. Luz na vida: a jornada da ioga para a totalidade, a paz interior e a liberdade suprema; tradução Silvana Vieira-São Paulo: Summus, 2007.
Satchidananda, Swami. Yoga Sutras de Patanjali/transcrito e comentado por S.S; tradução Galvão Mendes-Belo Horizonte, Gráfica e Editora Del Rey, 2000
Tattvabodhah -Sri Sankaracarya, Rio de Janeiro: Vidya-Mandir, 2007.122p
Nenhum comentário:
Postar um comentário